“Análise da postura cranio-cervical em pacientes com disfunção temporomandibular” publicado pela Revista Brasileira de Fisioterapia, na edição de Jan/Fev de 2009
O artigo “Análise da postura cranio-cervical em pacientes com disfunção temporomandibular” publicado pela Revista Brasileira de Fisioterapia, na edição de Jan/Fev de 2009, me chamou muito a atenção.
Lunes, D.H. et al afirmam que distúbios osteomusculares do sistema ortognático são muito frequêntes, apresentando em torno de 50% a 70% da população pelo menos um dos sinais e/ou sintomas da disfunção temporomandibular (DTM). Por ser uma disfunção de alta prevalência, se torno questão de saúde pública, e tema de estudo de profissionais da área de saúde e pesquisadores. Guaratini, M.I. et al afirmam que os fatores etiológicos da DTM incluem anormalidades estruturais e neuromusculares, além de anormalidades posturais da cabeça e pescoço.
Portanto, o estudo dos autores, teve como objetivo comparar a posição da cabeça e o alinhamento da coluna cervical em indivíduos com ou sem DTM, selecionados por meio de protocolos RDC/TMD, tendo ainda como critérios de avaliação, análise postural, fotogrametria e radiografia. Para a realização do estudo, 90 participantes do sexo feminino foram analisados e divididos em três grupos: grupo controle composto por 30 indivíduos assintomáticos; grupo 1 formado por 30 indivíduos apresentando sinais musculares e sintomas de DTM; e grupo 2 contituído por 30 indivíduos apresentando sinais musculares e sintomas de DTM, deslocamento do disco, dor orofacial. No grupo 2, todos os indivíduos apresentavam artralgia e osteoartrose.
Foram utilizados diversos critérios metódicos para a realização de toda a avaliação e exames complementares me chamando a atenção para a importância que os autores deram na relação osso hióide e coluna cervical, solicitando uma telerradiografia cefalométrica lateral para analisar essa relação, e para tal, os autores utilizaram o protocolo descrito por Rocabado. A utilização de alternativas para a avaliação foi importante para a exposição dos resultados de forma mais clara e concisa.
Após toda a metodologia empregada pelos autores, fizeram-se as analises estatisticas e posteriomente obteve-se os resultados.
Não houve diferença qualitativa para a análise visual nos três grupos quanto apresentarem diferenças no alinhamento da cabeça e lordose cervical, ou seja, tanto os indivíduos assintomáticos quanto os indivíduos analisados dos grupos 1 e 2 apresentaram alterações posturais da cabeça e desalinhamento cervical, sendo o mesmo resultados para os achados dos exames radiográficos. Porém, outros autores, como Zonnenberg, A.J. et al, encontraram alterações posturais da cabeça e cervical em pacientes com DTM, e nos pacientes sem DTM, as alterações posturais não foram encontradas. Porém houve diferenças nos critérios de avaliação e seleção da amostra entre os estudos do presente artigo e os estudos de Zonnenberg, A.J. et al.
Após observar os resultados do presente estudo e compara-los à outros estudos como o de Zonnenberg, A.J. et al, podemos observar que pode haver outras interferências nesse posicionamento da cabeça e alinhamento da coluna cervical, que não sejam originadas na ATM. Os autores do presente estudo concluíram que as DTM´s não são a causa específica de desalinhamentos posturais, pois tanto indivíduos com DTM quanto pacientes sem DTM apresentaram as mesmas disfunções posturais. Outra questão relevante foi a relação que os autores observaram entre alterações na ATM com o posicionamento do osso hióide, o que pode nos fazer pensar em alterações na esfera visceral, como descrito por Busquet, 2009, que afirma que irritações da cadeia visceral podem chegar até ao osso hióide, garganta, base do crânio, ATM, e superprogramando toda a musculatura adjacente.
Além de todos os sinais e sintomas, os autores ainda observaram o estresse como um dos achados nos pacientes com DTM, mostrando que a abordagem e avaliação do paciente, deva ser mais abrangente em nossos consultórios.
Thiago Barroso – Professor Assistente Método Busquet